30 de abril de 2013

That Old Swing Magic #5 - Broadway Street Parade 1920-29

A influência da Broadway na música popular é significativa. Para esta playlist #5 procurei músicas ligadas aos musicais da Broadway, mas sem a querer exaustiva nem representativa - escolhi as que tinham dado algumas boas versões swing.

Para esta primeira playlist sobre a Broadway seleccionei musicais dos anos 20.

1920-29

1923, Runnin' Wild

Provavalmente toda a gente já ouviu, nalgum momento, a música The Charleston. Esta foi composta por James P. Johnson, com letra de Cecil Mack, para o musical Runnin' Wild, estreado na Broadway em 1923.
Antes dos anos 20 as danças tinham muito pouco movimento acima da cintura, usando-se principalmente uma estrutura rígida nos braços e tronco. O Charleston veio alterar essa forma, com muito movimento de braços - tanto que chamaram flappers às raparigas que o dançavam, porque pareciam pássaros a bater as asas (flapping). Foi o princípio dos loucos anos 20. Além do Charleston, dançava-se, à época, o Foxtrot, o Cake Walk e o Tango, entre outras.
Versão:
* Charleston - Le Quintette Du Hot Club de France, com Django Reinhardt na guitarra e Stéphane Grappelli no violino (amz)

1924, Lady, Be Good!

O musical Lady, Be Good!, com música de George Gershwin e letras do seu irmão Ira Gershwin estreou-se na Broadway em 1924. Introduziu, entre outras, as músicas Fascinating Rhythm e Oh, Lady Be Good. Teve a participação dos irmãos Fred e Adele Asteire.
Versões:
* Fascinating Rhythm - Benny Goodman and His Orchestra (amz)
* Oh, Lady Be Good - Benny Goodman Trio (amz)

1925, No, No, Nanette

Em 1925 estreia o musical No, No, Nanette, com música de Vincent Youmans e letras de Irving Caesar e Otto Harbach. Dos vários números musicais destaca-se o standard Tea for Two, letra de Irving Caesar.
Versão:
* Tea for Two - Benny Goodman Quartet (amz)

1926, Oh, Kay!

Oh, Kay! é um musical com música de George Gershwin e letra de Ira Gershwin. Baseada na peça La Presidente, de Maurice Hanniquin e Pierre Veber, conta as aventuras do Duque de Durham e de sua irmã, Lady Kay, contrabandistas no período da proibição de alcool na America. Estreou-se em 1926 na Broadway. Recordamos a versão de Ella Fitzgerald para Clap Yo' Hands.
Versão:
* Clap Yo' Hands - Ella Fitzgerald (amz)

1927, Funny Face

Funny Face é um musical de 1927, com música de George Gershwin e letra de Ira Gershwin. Participavam neste os irmãos Fred e Adele Astaire. Estreou-se em Philadelphia com o nome Smarty tendo recebido fracas críticas. Foi então reescrito, estreando-se na Broadway com grande sucesso, já com o nome Funny Face. Uma das músicas que ficaram deste musical é o standard 'S Wonderful.
Versão:
* 'S Wonderful - The Benny Goodman Quartet (amz)

1927, The New Moon

Em 1927 estreia também uma opereta intitulada The New Moon, com música de Sigmund Romberg e letra de Oscar Hammerstein II, Frank Mandel e Laurence Schwab. O espectáculo foi o terceiro numa série de êxitos escritos ao estilo das operetas Vienenses (em 1924 estreara-se The Student Prince e em 1926 The Desert Song). Das músicas que perduraram destaca-se Lover Come Back to Me.
Versão:
* Lover Come Back to Me - Coleman Hawkins Quintet (amz)

1927, Show Boat

Show Boat é um musical de 1927, com música de Jerome Kern e letras de Oscar Hammerstein II. A história anda à volta dos artistas, ajudantes e estivadores do Cotton Blossom, um barco que durante quarenta anos opera no rio Mississippi. Deste musical resultaram clássicos como Ol' Man River e Make Believe.
Versões:
* Make Believe - Benny Goodman (amz)
* Ol' Man River - Horace Henderson and his Orchestra (amz)

1927, Hit the Deck

Com música de Vincent Youmans, e letras de Clifford Grey e Leo Robin, estreia-se em 1927 o musical Hit the Deck. Deste relembramos Sometimes I'm Happy, na versão cantada por Anita O'Day.
Versão:
* Sometimes I'm Happy - Anita O'Day (amz)

1928, Blackbirds of 1928

Em 1928 estreia o musical Blackbirds of 1928 na Broadway, com música de Jimmy McHugh e letras de Dorothy Fields. Com músicas como Diga Diga Doo, I Can't Give You Anything But Love, I Must Have That Man e Doin' the New Low-Down.
Versões:
* Doin' the New Low-Down - Don Redman and His Orchestra (amz)
* Diga Diga Doo - Cootie Williams and His Rug Cutters(amz)
Menção especial para esta versão dos Mill Brothers
* Diga Diga Doo - The Mills Brothers(amz)
* I Can't Give You Anything But Love - Peggy Lee (amz)
* I Must Have That Man - The Benny Goodman Trio (amz)

1928, Present Arms

Present Arms é um musical com música de Richard Rodgers e letra de Lorenz Hart, que se estreou na Broadway em 1928. Recordamo-lo com uma versão de You Took Advantage of Me, de Michel Warlop e Stephane Grappelli.
Versão:
* You Took Advantage of Me - Michel Warlop - Stephane Grappelli (amz)

1929, Wake Up and Dream

Wake Up and Dream é um musical de 1929, com música e letra de Cole Porter. A música que recordamos deste músical é What Is This Thing Called Love?, versão de Tommy Dorsey. Este músical estreou-se a 30 de Dezembro, tendo sido o último a estrear-se na Broadway nesse ano.
Versão:
* What Is This Thing Called Love - Tommy Dorsey (amz)

That Old Swing Magic #5 from paulor0 on 8tracks Radio.

P.S.: o 8tracks não permite playlists com mais de 2 músicas por artista, razão pela qual algumas músicas do Benny Goodman tiveram de ficar de fora

10 de abril de 2013

That Old Swing Magic #4 - A to Z, a jazz alphabet

Em Março deste ano o Dr. Jazz publicou um artigo divertido, contendo uma playlist de jazz em que o mote eram as diferentes letras do alfabeto; intitulado A Jazz Song Alphabet by Dr. Jazz. Depois desse artigo outro DJ o seguiu, e outros seguiram este, criando uma bola de neve de playlists de jazz seguindo o alfabeto.

Resolvi juntar-me à brincadeira pelo que o mote desta playlist é, também, o alfabeto. Não verifiquei se há qualquer repetição com as outras playlists, e, pela limitação da minha biblioteca de música, algumas letras foram bem difíceis de preencher. Espero que o resultado tenha algum equilíbrio. Eu diverti-me a fazê-la, e era esse o principal objectivo. :)

That Old Swing Magic #4 from paulor0 on 8tracks Radio.

A to Z, a jazz alphabet:
* Always - Benny Goodman and His Orchestra (amz)
* Breakin' in a New Pair of Shoes - Frankie Trumbauer and His Orchestra (amz)
* Cuttin' the Campus - John Kirby and His Orchestra (amz)
* Don't Be That Way - Teddy Wilson (amz)
* Evenin' - Jones-Smith Incorporated (amz)
* Fiddle Dee Dee - Lionel Hampton and His Sextette (amz)
* Good Queen Bess - Johnny Hodges and His Orchestra (amz)
* Hello Dolly - Louis Armstrong (amz)
* Indiana - Oscar Peterson Trio (amz)
* Jump Through the Window - Roy Eldridge and His Orchestra (amz)
* Keep Smilin' - John Kirby & His Orchestra (amz)
* Love Must Be Catchin' - Julie London (amz)
* Mack The Knife (live in Berlin) - Ella Fitzgerald (amz)
* No Soap, No Hope Blues - Anita O'Day (amz)
* Out to Lunch - Coleman Hawkins Quintet (amz)
* Put a Lid on It - Squirrel Nut Zippers (amz)
* Queen Isabelle - Cab Calloway and His Orchestra (amz)
* Royal Garden Blues - Bob Crosby and His Orchestra (amz)
* Spring Cleaning - Fats Waller and His Rhythm (amz)
* The Gal From Joe’s - Charlie Barnet and His Orchestra (amz)
* Une Petit Laitue - Roy "King Jazz" Elridge and His Orchestra (amz)
* Viper’s Dream - Quintette du Hot Club de France (amz)
* Well, All Right Then - Jimmie Lunceford & His Orchestra (amz)
* Xico - Luisa Sobral (amz)
* You Showed Me the Way - Frankie Newton and His Uptown Serenaders (amz)
* Zozoi - Claude Hopkins and His Orchestra (amz)

Esta playlist foi também partilhada nos sites que iniciaram a brincadeira :)
* no Veit talks, do DJ Dr. Jazz (Veit Hailperin)
* no Swing DJ Resources, do DJ Chrisbe (Christian Bossert)

25 de fevereiro de 2013

That Old Swing Magic #3 - jammin' on Rose Room

"Rose Room" era uma sala no Hotel St. Francis, em São Francisco. Era uma sala onde tocava Art Hickman, pianista e baterista, e que terá servido de inspiração para a melodia que ele e Harry Williams criaram com o mesmo nome em 1917.

"Rose Room" foi também o desafio que Benny Goodman colocou a Charlie Christian numa jam tardia no restaurante Victor Hugo em Los Angeles. Corria o ano de 1931. Nessa tarde Charlie gravou uma sessão com o Benny Goodman Sextet que não teria corrido da melhor forma. Nessa noite, no restaurante, Charlie entrou na jam e terá sido aí que Benny o desafiou com o tema "Rose Room", talvez por achar que Charlie não o conheceria.

Na realidade o guitarrista "Bigfoot" Ralph Hamilton teria dado lições de jazz a Charlie, e entre os temas que lhe ensinou estaria o "Rose Room" (outros seriam "Tea for Two" e "Sweet Georgia Brown").

Voltando à jam, o tema proposto por Benny Goodman teve solo atrás de solo, por Charlie Christian, num total de 20 solos, todos diferentes, prolongando o tema para lá de 40 minutos! Foi o suficiente para impressionar definitivamente Benny. Charlie entrou no sexteto!

Outra versão deste desafio indica que aconteceu no quarteirão "Deep Deuce", uma zona da cidade de Oklahoma, onde Charlie vivia.

Não importa tanto o onde. O que ficou para a história foram os mais de 20 solos numa música que ultrapassou os 40 minutos.

Charlie Christian não foi o primeiro guitarrista a usar uma guitarra eléctrica no jazz, mas terá sido o primeiro a ganhar notoriedade. E isto numa brevíssima vida musical.

No final dos anos 30 contraiu tuberculose, o que viria a provocar a sua morte em 1942. Tinha 25 anos.

(também no 8tracks)

A selecção TOSM #3 inclui várias músicas onde Charlie participa, principalmente do Benny Goodman Sextet (assinaladas com CC).

* Rose Room (in Sunny Roseland) - Benny Goodman Sextet (CC) (amz)
* AC-DC Current - Benny Goodman Sextet (CC) (amz)
* If It's Good (Then I Want It) - Lionel Hampton and His Orchestra (amz)
* True - Chick Webb's Savoy Orchestra (amz)
* Keep Smilin’ - John Kirby and His Orchestra (amz)
* Six Appeal (My Daddy Rocks Me) - Benny Goodman Sextet (CC) (amz)
* Profoundly Blue - Edmond Hall Celeste Quartet (CC) (amz)
* Big Apple - Teddy Wilson and His Orchestra (amz)
* Chew-Chew-Chew (Your Bubble-Gum) - Barney Bigard and His Jazzopaters & The Quintones (amz)
* Fiddle Dee Dee - Lionel Hampton and His Sextette (amz)
* A Smo-o-oth One - Jam Session (CC) (amz)
* I've Found a New Baby - Benny Goodman and His Sextet (CC) (amz)
* On the Sunny Side of the Street - Tommy Dorsey (amz)
* Bill Bailey Won't You Come Home? - Lizzie Miles (amz)
* Little Brown Jug - Glenn Miller (amz)
* Solo Flight - Benny Goodman and His Orchestra (CC) (amz)
* Star Dust - Benny Goodman Sextet (CC) (amz)
* Big Chief De Sota - Fats Waller and His Rhythm (amz)
* Rough Ridin' - Ella Fitzgerald (amz)
* Homeward Bound (Flying Home) - Benny Goodman Sextet (CC) (amz)

Fotos:
1 - Benny Goodman com Charlie Christian, ao centro, e o resto do sexteto, durante uma gravação
2 - O Benny Goodman Sextet numa actuação

10 de fevereiro de 2013

That Old Swing Magic #2 - a descent into the maelstrom

Continuando a temática swing.

A maioria das músicas é de uma grande colecção intitulada Encyclopedia of Jazz : Swing Time (amz): 100 CDs, quase todos com mais de 25 músicas, incluindo orquestras ou músicos como Duke Ellington, Lester Young, Barney Bigard, Ben Webster, Benny Goodman, Henry Red Allen, Leon Chu Berry, Wingy Manone, Charlie Christian, entre muitos outros.
Outra colecção representada é a Quadromania, que editou conjuntos de 4 CDs dedicados, cada conjunto, a uma orquestra de swing ou músico relevante (amz).

A última música, Maelstrom, invoca uma história popular de Edgar Allen Poe, sobre um encontro de um barco de pesca com um gigantesco remoinho no oceano, e como só um dos tripulantes se conseguiu salvar dessa maravilhosa força da natureza.

(também no 8tracks)

* Royal Flush - Metronome All Star Band (amz)
* Smiles - Coleman Hawkins acc. by The Ramblers / and His Quartet (amz)
* Don't Be That Way - Teddy Wilson and His Orchestra (amz)
* Why Don't You Practice What You Preach? - Henry Allen and His Orchestra (amz)
* Till Tom Special - Lionel Hampton and His Orchestra (amz)
* Opus One - Tommy Dorsey (amz)
* It Had to Be You - Philippe Brun "Jam Band" (amz)
* Maelstrom - Chu Berry and His Stompy Stevedores (amz)

Imagem:
Harry Clarke's (1919) ilustração para "A Descent into the Maelström", um conto de Edgar Allan Poe.

16 de janeiro de 2013

That Old Swing Magic #1

Início de uma série de pequenas compilações de música, sobretudo swing, que servem de inspiração a DJ sets de swing para festas de lindy hop.

A compilação inicia-se com a música que serviu de inspiração ao título deste blog: That Old Black Magic, gravada por Sidney Bechet em 1952 para a Vogue, em Paris.

(também no 8tracks)

* That Old Black Magic - Sidney Bechet (amz)
* Cuttin' the Campus - John Kirby and His Orchestra (amz)
* I've Heard that Song Before - Harry James and His Orchestra (with Helen Forrest) (amz)
* Perdido Street Blues - Louis Armstrong and His Orchestra (amz)
* Midnight in Moscow - Kenny Ball and His Jazzmen (amz)
* Begin the Beguine - Artie Shaw (amz)
* The Swampland is Calling Me - Willie Smith (The Lion) and His Cubs (amz)
* Milenberg Joys - Gordon Webster (cdbaby)

In the Mood for dance

Primeiro uma pequena apresentação. Sou um Lindy Hopper desde ... já lá vão uns 4 anos. E foi no Lindy Hop que me iniciei nesta apaixonante arte de pôr músicas para festas.

Primeiro, porque éramos poucos e alguém tinha de ficar a trocar os CDs. Já tinha alguns, que casualmente fui comprando ainda antes de saber que eram músicas que se podiam dançar, pelo que nem me preocupei muito com a selecção que levava. Basicamente para cada festa leva num saco todos os CDs de jazz antigo que tinha.

E que trabalheira tinha para escolher a música seguinte. O processo era o seguinte. Punha a primeira, escolhia um CD aleatoriamente e ouvia todas as pistas até uma qualquer chamar a atenção. Se não encontrasse nenhuma boa passava para outro CD e o processo recomeçava. Isto tudo dentro dos 2-3 minutos que durava a música que estava, entretanto, a tocar. Às vezes era um stress! :)

Não fui o único DJ a pôr música nas festas, felizmente. Felizmente, repito, porque também gostava de dançar. Mas mesmo quando era eu a pôr música fartava-me de dançar, até aqueles últimos 10 segundos, quando a banda está com os instrumentos todos no ar, a energia está ao rubro, e imediatamente apercebemo-nos que a música está quase, quase a terminar. Dava uma corrida até aos decks, esperava pelo último suspiro, e punha a seguinte a tocar. Isto só funcionava se já a tivesse preparado antes.

A nossa principal missão como DJ é manter um bom ritmo de festa, de conseguir aquele feeling que se sente quando há muita energia no ar, muitos sorrisos, alegria, e happy feet - os pés ganham vida própria e ficam a marcar o ritmo, os triples, a imaginar voltas, e quase só damos por isso quando tentamos recuperar o controlo sobre eles... :)

In the Mood

Uma das músicas mais populares do período das Big Bands e do swing, entre os anos 30 e 40, foi certamente In the Mood, numa gravação de Glenn Miller and his Orchestra, de 1939. Não foi a primeira gravação deste tema, no entanto. Em 1930 uma primeira versão deste tema foi gravada por Wingy Manone com o título Tar Paper Stomp. No entanto só se tornou popular em meados dos anos 30. Em 1931 ainda foi usado a mesma melodia para gravar Hot and Anxious, pelo saxofonista Horace Henderson, da Fletcher Henderson Orchestra.

Isto acontecia naturalmente, num período em que o copyright só era válido se fosse registado no copyright office. Qualquer tema que não estivesse registado podia ser apanhado de ouvido e reproduzido. Foi com Glenn Miller que o tema ganhou popularidade, com arranjo de Joe Garland, Andy Razaf e do próprio Glenn Miller.
É uma música que começa com arpeggios de saxofone, com trompetes e trombones a intercalar e adicionar acentuações. A 2/3 da música a banda toca mais suave e vai progressivamente subindo de volume até à secção final, com um trompete vibrante e triunfal. Para rematar os trombones e saxofones juntam-se numa nota final, em uníssono, que é terminada com um rim shot, uma batida única da bateria.